ROEDORES, UM PROBLEMA EM SAÚDE PÚBLICA !
Wender Pinheiro da Conceição e Cristina Marques Lisbôa Lopes (GERCZO-P)
Os roedores, ao contrário do que muitos imaginam não se transformam em morcegos depois de velhos. Morcegos são mamíferos da Ordem Chiroptera e roedores pertencem à Ordem Rodentia.
As perdas econômicas por roedores em áreas urbanas e rurais têm sido estimadas pela OMS em U$10 por roedor e pela FAO/1986 de 33 milhões de toneladas de alimentos por ano. Além destes prejuízos os roedores causam danos incalculáveis à saúde do homem uma vez que veiculam doenças como: peste bubônica, tifo murino, leptospirose, triquinelose, cólera, disenteria, febre da mordedura, entre outras.
Tem sido um grande desafio para a humanidade o controle de roedores. Ratos e camundongos sempre coabitaram com o homem por causa de seus dejetos e estoques de alimento. Estima-se que existam 3 roedores por ser humano e em torno de 4% a 8% dos cereais, raízes e sementes são contaminados por urina, fezes e roeduras anualmente. Não bastando os prejuízos já citados, os roedores também causam graves acidentes em instalações e maquinários onde penetram, roendo tubulações plásticas ou revestimento isolante de cabos elétricos. Calcula-se que mais de um quarto dos incêndios acidentais sejam causados por roedores.
O onipresente rato sobrevive e prolifera nos mais diversos ambientes devido à sua extraordinária adaptabilidade. Por causa de seus intintos apurados exigem para o seu controle um profundo conhecimento de sua biologia e comportamento.
CAMUNDONGO:
Os camundongos (Mus muscuculus) são pequenos roedores de corpo delicado e cabeça afilada; possuem a cauda fina, sem pelos e pés sem membranas interdigitais; os olhos são pretos e pequenos; as orelhas são grandes e salientes em relação à cabeça; pesam aproximadamente 10 a 21 g., medem 8 a 9 cm. O período de gestação é de 19 a 21 dias, podendo ter 5 a 6 ninhadas por ano com 3 a 8 filhotes por ninhada; com 42 a 45 dias já estão maduros sexualmente e vivem aproximadamente um ano. Vivem em pequenos grupos familiares, não constituindo colônias.
RATO DE TELHADO:
O rato de telhado ou rato do forro (Rattus rattus) possui o corpo esguio e a cabeça afilada; a cauda é fina e sem pelos, o pés não apresentam membranas interdigitais, a planta é larga e os calos estriados. Os olhos são grandes e as orelhas embora delgadas e sem pelos são grandes e salientes em relação à cabeça. Medem 16 a 21 cm, a coloração da pelagem é escura e pesam entre 80 a 300 g.A gestação dura aproximadamente 20 a 22 dias, com 4 a 8 filhotes por ninhada; atingem a maturidade sexual com 60 a 75 dias e vivem cerca de 18 meses. Vivem em colônias com territórios definidos, possuindo categorias de dominantes e dominados. Geralmente vivem em locais mais altos como forros de telhados.
RATAZANA:
A ratazana ou rato do esgoto (Rattus norvegicus) possui corpo e cabeça rombudos, cauda grossa e peluda com anéis, pés com membranas interdigitais, planta estreita e calos lisos; os olhos e orelhas são pequenos em relação à cabeça. A pelagem é grosseira e áspera, medem 18 a 25 cm e pesam entre 280 a quase 500 g. Podem ter de 8 a 12 ninhadas anuais e o período de gestação é de 22 a 24 dias. Atingem a maturidade sexual com 60 a 90 dias de idade e vivem cerca de 2 anos. Vivem em colônias com territórios bem marcados onde se verifica a presença de dominantes e dominados. Geralmente vivem em galerias de esgotos e locais no solo próximos à fonte alimentar.
CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS:
O olfato dos roedores é bastante apurado e sensível. Não estranham o odor humano. O paladar é bem desenvolvido e sabem memorizar o sabor dos alimentos, desprezando o que estiver estragado. A audição é aguçada e são sensíveis ao ultra-som embora se adaptem aos mesmos. O tato é bem desenvolvido, particularmente a nível de vibrissas que são de grande utilidade para o deslocamento no escuro, uma vez que não enxergam bem e nem distinguem cores.
HÁBITOS E COMPORTAMENTO SOCIAL:
Os roedores possuem dentes incisivos de crescimento constante e por isso possuem a necessidade de estarem roendo o tempo todo. Ao buscarem seu alimento à noite o fazem quase sempre pelo mesmo percurso de forma que deixam marcas de gorduras nas paredes, marcas do pés e trilhas de passagem. Costumam levar o alimento para as tocas para alimentar também os seus filhotes. São ariscos e exigentes quanto ao alimentos, experimentando sempre pequenas poções de cada vez e comunicam seus achados aos demais membros da colônia. Só são observados durante o dia quando há uma superpopulação.
As ratazanas e ratos do telhado formam colônias de número variáveis de acordo com o território habitado e a disponibilidade de alimento. Tanto machos quanto fêmeas se dividem entre dominantes e dominados. Os dominantes são mais fortes e robustos e recebem preferência no acesso a alimentos e escolha de parceiros. Os dominados devem se contentar com as sobras se quiserem permanecer na colônia. Os camundongos nunca vivem em colônias mas em pequenos grupos familiares. Somente em casos de superabundância de alimentos é que pode se observar espécies diferentes coabitando o mesmo território, mas normalmente existe competição por espaço e alimento e a ratazana por ser mais forte acaba prevalecendo.
CONTROLE DE ROEDORES:
Devido ao fato dos roedores serem extremamente prudentes e desconfiados não entram facilmente em contato com alimentos novos no ambiente, aguardando e observando os menos precavidos e somente experimentando se não houver um perigo evidente. Desta forma o controle químico muitas vezes não é bem sucedido principalmente com uso de iscas com raticidas agudos. Apenas os camundongos é que são menos desconfiados e imprudentes, chegando a ser curiosos.
Mas o controle não deve ser exclusivamente químico, muito pelo contrário, uma vez que simples medidas de antiratização muitas vezes são mais do que suficientes.
Em primeiro lugar é necessário avaliar as condições locais e quais os fatores responsáveis pela infestação de roedores para então serem aplicadas medidas pertinentes de controle mecânico, visando impedir fisicamente os roedores alcançarem certos ambientes, pela colocação de empecilhos ou obstáculos físicos: eliminação de aberturas e frestas; colocação de válvulas para impedir refluxo dos efluentes em vasos sanitários; utilização de grades de ferro resistente a roeduras em dutos de ventilação, caixas de esgoto, etc; acondicionamento de rações e grãos em vasilhames bem tampados, etc. Associado às medidas citadas podem ser utilizados os dispositivos de captura de roedores como as ratoeiras. Outros dois métodos que podem ainda ser utilizados são a pasta adesiva (que consiste numa bandeja impregnada com uma cola especial) e a barreira elétrica em pontos de passagens de roedores.
Entretanto existem situações que requerem a utilização de métodos químicos associados ao controle mecânico. É bom deixar sempre claro que a utilização de raticidas requer a avaliação de um profissional competente, haja vista que no mercado há uma variedade muito grande de venenos que não funcionam ou que requerem um manuseio adequado por sua alta toxicidade:
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
-Cenepi. (2005). Ms/Brasìlia: Controle de roedores urbanos
-Fundação Nacional de Saúde. (1993). Normas operacionais de Centro de Controle de Zoonoses: procedimentos para o controle de roedores. Brasília: FNS.
-Fundação Nacional de Saúde. (1995). Manual de leptospirose. Brasília: FNS.
-Fundação Nacional de Saúde. (2004). Manual de controle de roedores. Brasília: FNS.
-Cenepi. (2005). Ms/Brasìlia: Controle de roedores urbanos
-Fundação Nacional de Saúde. (1993). Normas operacionais de Centro de Controle de Zoonoses: procedimentos para o controle de roedores. Brasília: FNS.
-Fundação Nacional de Saúde. (1995). Manual de leptospirose. Brasília: FNS.
-Fundação Nacional de Saúde. (2004). Manual de controle de roedores. Brasília: FNS.